segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

O império contra-ataca. E o objectivo é entrar no seu bolso.

Agora, é mesmo a guerra: depois de ter passado 2009 todo a negar que fosse lançar o seu próprio telemóvel, a Google começou 2010 apresentando o seu próprio telemóvel, o Google Nexus One (na verdade o aparelho é fabricado pela HTC). Estamos num novo período da apaixonante (e rápida: há apenas 15 anos, a sua utilização era marginal) história dos telefones portáteis e da sua actual encarnação, ou seja, um pequeno computador que está sempre connosco e faz muitas, mesmo muitas tarefas, e está ligado à internet para a maioria delas. Disse internet? A Google até nasceu depois dos telefones móveis (em 1997), mas já é indissociável da rede e vive dela – 99% das suas receitas advêm da publicidade em linha. Como todos nós vamos começar a fazer as nossas buscas usando telefones em vez de computadores, então o telefone Google está explicado.

Os riscos que o gigante corre são grandes. O negócio dos telemóveis é implacável e só os melhores sobrevivem: um mau aparelho pode arranhar profundamente uma marca, mesmo valiosa. Curiosamente, um bom aparelho também trará problemas à Google, porque o novo telefone usa o Android, um bebé da própria Google, numa versão mais avançada (2.1), irritando as aliadas que tem sido usadas (HTC, Samsung, Motorola, LG, Sony Ericsson, etc.) para fazer o trabalho de sapa de promoção deste sistema operativo. E com bons resultados, a tal ponto que os analistas de mercado prevêem que este seja o segundo maior do mundo em 2012, apenas atrás do Symbian da Nokia – esta empresa europeia continua a vender mais de um em cada três telemóveis no mundo, e também lidera nos smartphones, seguida pela Blackberry. Em terceiro vem o criador e referência deste mercado, o iPhone da Apple. E é esta a grande guerra.

Este seminal objecto de design continua a crescer e já significa 17% dos smartphones mundiais; para ter sucesso, a Google terá necessariamente de conseguir entrar no minado quintal da Apple. As duas empresas, inicialmente aliadas contra o império Microsoft, cada vez se foram dando pior ao competir pelo negócio da publicidade online, e a apresentação do Nexus One é a última declaração de guerra. A Apple respondeu no mesmo dia ao comprar uma empresa cuja tecnologia permite colocar publicidade em dispositivos móveis. Sejam telemóveis ou… computadores tablet, do tamanho de ardósias de escola, que vão ser o próximo campo de batalha.
E o utilizador? Qualquer que seja o seu telefone, a Google sabe muito sobre si. E guarda religiosamente pelo menos por dois anos tudo aquilo que escreve na internet. Em resposta às preocupações quanto à invasão da privacidade dos cidadãos, o CEO da Google acaba de declarar: “Se faz algo e não quer que ninguém saiba, provavelmente nem deveria estar a fazê-lo”. Agora ele também quer conhecer os seus bolsos.

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