“How the Mighty Fall”, ainda sem edição em português mas que se poderia traduzir por “Como caem os poderosos”, é um livro escrito pelo especialista em gestão Jim Collins e publicado há alguns meses. Nele o autor identifica cinco fases sucessivas do declínio de grandes e bem-sucedidas organizações humanas – o objecto da análise são as empresas, mas não é difícil transpor os argumentos para universidades, clubes de futebol, países ou mesmo civilizações… Registe-se que aos cinco estádios sucessivos da queda, Collins chamou: 1. Arrogância devido ao sucesso; 2. Procura indisciplinada de mais e mais; 3. Negação de riscos e perigos; 4. Desespero pela salvação e 5. Capitulação perante a irrelevância ou morte.
Conta-se que Akio Toyoda, neto do fundador da Toyota e presidente da maior fabricante de carros do mundo (9 milhões de veículos vendidos em 2008…), ficou muito impressionado após ler o livro, situando a sua companhia pelo menos no terceiro nível, mas mais provavelmente no quarto. De repente, o presidente de um gigante com mais de 300 000 assalariados, criador de toda uma cidade no Japão, orgulhoso de se ter tornado o maior construtor automóvel do mundo (ultrapassando a americana GM) e reputado construtor de sólidos produtos lançava ao mundo declarações muito pouco ortodoxas pelo negrume contido, com referências a “arrependimento ou morte”. Isto foi em Agosto.
Conta-se que Akio Toyoda, neto do fundador da Toyota e presidente da maior fabricante de carros do mundo (9 milhões de veículos vendidos em 2008…), ficou muito impressionado após ler o livro, situando a sua companhia pelo menos no terceiro nível, mas mais provavelmente no quarto. De repente, o presidente de um gigante com mais de 300 000 assalariados, criador de toda uma cidade no Japão, orgulhoso de se ter tornado o maior construtor automóvel do mundo (ultrapassando a americana GM) e reputado construtor de sólidos produtos lançava ao mundo declarações muito pouco ortodoxas pelo negrume contido, com referências a “arrependimento ou morte”. Isto foi em Agosto.

Seis meses depois, o horror pressentido por Akio desvendou-se. Pressionada por mais de 2000 incidentes de “aceleração não desejada” – causando pelo menos 19 mortes – a Toyota decide-se finalmente a recolher e consertar os aceleradores de nada menos de 8 milhões de carros, na Europa, nos Estados Unidos, na China e em toda a parte. E como cereja no topo do amargo bolo, até o Prius, veículo destinado não a ser lucrativo mas a apresentar a Toyota como uma empresa nas vanguardas tecnológica e ecológica, não trava bem. Akio Toyoda escreveu esta semana ao mundo: “Lamento profundamente as inconveniências causadas…”
Ainda mais danosas para a marca do que os problemas técnicos são as revelações de que a Toyota já recebia queixas sobre estes problemas desde… 2003. E, como bom gigante em declínio, em plena fase 3 de Collins, nada fez, numa indesejada metáfora de todo um país, o Japão, estagnado numa “década perdida”. Agora pode ser demasiado tarde para a salvação – os concorrentes, grupo Volkswagen à cabeça, parecem muito determinados a arrebatar o ceptro de maiores do mundo.
Já fui o feliz proprietário de dois Toyotas; não desiludiram, não entusiasmaram. Dificilmente procurarei um terceiro, mas o livro de Jim Collins, esse aconselho-o vivamente.
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