180 anos depois, o problema da incompatibilidade entre (sobretudo) dois campos populacionais não só persiste mas até se agravou em determinados aspectos. Devido a factores históricos,

O cerne da questão é, há três anos, a região de Bruxelas: em volta da capital mas já fora da região "Bruxelas-Capital" e sim na região "Flandres" - e graças a um círculo eleitoral e judicial denominado "Bruxelas-Hal-Vilvorde" - há várias comunas onde os francófonos - que constituem por vezes a maioria, a ponto de elegerem burgomestres francófonos, que em seguida não são empossados pelos flamengos - usufruem aí de direitos linguísticos minoritários (como o voto em partidos francófonos). A Flandres, na lógica territorial que enferma todas as discussões no país, quer acabar com estes direitos, enquanto os valões propõem aumentar a área do enclave (maioritariamente francófono) de Bruxelas. E na quinta-feira, perante a ameaça flamenga de votar unilateralmente a partição do distrito BHV, usaram a "campainha de alarme", último recurso da Constituição, em que uma minoria pode bloquear a maioria (sempre flamenga) e pedir um adiamento por 30 dias até que o governo resolva uma questão. Como daqui a 30 dias ainda não haverá governo, o destino dos três anos de discussões é... o caixote de lixo.
Hoje, o terreno comum entre as duas comunidades é tão pequeno, as discussões são tão estéreis, e a ausência de personalidades que façam a ponte entre os diversos interesses tão aguda, que a desintegração do país é uma possibilidade real. Os diversos cenários para que isso aconteça serão assunto de próxima crónica.