Há uma regra que se aplica sem falhas à História da Humanidade: a informação circula cada vez mais depressa e
Fuga 1: o “ClimateGate”. A 17 de Novembro, um site de hackers publicou emails internos trocados ao longo de 13 anos por investigadores da Universidade de East Anglia, um dos centros de investigação climática mais avançados do mundo, incluindo sugestões sobre a necessidade de disfarçar o facto de as temperaturas médias globais não estarem a subir nos últimos anos. Os (poucos) cientistas “cépticos” amplificaram as passagens mais sumarentas, enquanto em Copenhaga, a Arábia Saudita – maior produtor mundial de petróleo – afirmou que o caso vem colocar dúvidas sobre as bases em que são feitas as negociações, enquanto nos EUA, imersos uma grande discussão interna sobre o clima, o Climategate já foi aproveitado como argumento pelos republicanos.
Fuga 2: o “Texto dinamarquês”. Um rascunho do acordo a assinar em Copenhaga, elaborado em segredo por um grupo de indivíduos que ficou conhecido como "o círculo do compromisso", foi terminado há algumas semanas, mostrado a um grupo muito restrito de países (desenvolvidos) e só deveria ser conhecido dentro de alguns dias. Mas na terça-feira foi publicado no “Guardian” (o mesmo jornal que tinha noticiado a fuga 1…) e provocou uma reacção furiosa dos países em desenvolvimento, que se sentem atraídos para uma cimeira onde tudo já estaria decidido de antemão – e em seu desfavor.
Ambas as fugas fariam apenas parte da “petite histoire” não fora pelo inconveniente pano de fundo: o esmagador consenso científico – intocado pelas fugas referidas – de que a acção do Homem está a mudar o clima; de que os oceanos estão a subir e as catástrofes naturais a aumentar; que o esforço, nomeadamente de redução de CO2, da nossa geração e seguintes terá de ser enorme, dando à cimeira que acaba na sexta em Copenhaga laivos de oportunidade imperdível. É que há uma máxima incontornável: o planeta Terra não tem uma capacidade infinita…
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