segunda-feira, 12 de abril de 2010

A maior feira de arte do mundo está a 200 km

Maastricht é um nome popular entre os habitantes do Luxemburgo. A cidade é bonita, tem canais e arquitectura antiga e moderna, a universidade é reputada, e o carácter estudantil que esta lhe empresta cria uma atmosfera fresca e lojas muito originais que vendem todo o tipo de coisas difíceis de encontrar no Grão-Ducado, algumas mesmo ilegais aqui.

Mas a pequena cidade neerlandesa encerra um às na manga, ultrapassando de forma notável o velho choradinho da “falta de dimensão”: em Maastricht celebra-se todos os anos a maior feira de arte do mundo. O leitor já não vai a tempo de pagar os 55 euros da entrada para a visitar – encerrou no domingo – mas o centro de congressos e exposições albergou um certame de superlativos, com 263 expositores (24 mais que no ano passado) vindos de 17 países diferentes, e pelo menos 25 000 obras de arte à venda – tudo o que estava exposto, desde antigas estatuetas egípcias até pinturas pós-modernas –, que valiam no total uns extraordinários 3 mil milhões de euros. Na sua maioria as obras de arte estavam orientadas para o pequeno coleccionador, o que não impede que alguns verdadeiros tesouros, bem como outros de gosto discutível, não só estavam disponíveis como encontraram comprador. Exemplos notáveis: um dos grandes últimos quadros de Paul Gauguin no Tahiti ("Deux femmes"), por 18 milhões de euros; uma cama que pertencia ao grande diplomata Talleyrand (400 mil euros); um dos primeiros trabalhos do artista plástico britânico Damien Hirst, e que consiste num enorme porco conservado num tanque cheio de formaldeído (8,8 milhões de euros); outro quadro, este de Modigliani ("Jeune fille en bleu"), vendido por 13 milhões; uma pulseira em ouro maciço e diamantes feita em 1979 para Elton John (52 mil euros); ou belos exemplos de arte oriental e africana, cada vez mais procuradas. Seria interessante que os curadores dos museus do Grão-Ducado, com especial destaque para o MUDAM – um museu com magníficas instalações e quase nada na sua colecção para mostrar – seguissem com atenção a TEFAF (é o nome da feira). Lá estavam representados muitos dos museus europeus e norte-americanos.

Depois de dois anos de marasmo, o mercado da arte está outra vez vivo e vários negociantes afirmaram que esta foi a sua "mais bem-sucedida feira de sempre". Ou seja, nos escalões mais altos da sociedade, representados no desfile de jactos privados e roupas em caxemira que é também parte integrante desta feira, a crise está ultrapassada e esquecida. E a arte recuperou a sua função de bom investimento.

Mas se quiser comprová-lo ao vivo, só para o ano: a edição de 2011 começa a 18 de Março. Marque no seu smartphone.

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