quinta-feira, 10 de março de 2011

Tem ex-amigos no Facebook? Eis porquê

Desligar-se de um amigo de quem não gostamos é tarefa árdua. Tradicionalmente envolve deixar de telefonar, deixar de aparecer, e ainda um par de desculpas esfarrapadas sobre porque é que não, não vai ser possível ir jantar fora com ele no próximo sábado. O processo é lento e psicologicamente stressante. Ao mimetizar e revolucionar as relações humanas – de uma forma até certo ponto algo ridícula, é verdade, mas ainda assim – o omnipresente Facebook, cada vez uma poderosa ferramenta pessoal e profissional e já não tanto um capricho de adolescentes, veio simplificar o processo. Um click num botão, e o “amigo” (será que as aspas são mesmo necessárias?) passa a “ex-amigo”, sem sequer de aperceber de tal facto, pelo menos inicialmente. Só que o processo não é tão indolor assim.

Recentemente apercebi-me que uma amiga de longa data me “desamigou” do seu Facebook. Fiquei surpreso e confuso a princípio, depois zangado e triste; talvez aqueles “grupos de apoio aos desamigados” que pululam no próprio Facebook não fossem tão patetas assim, pensei. E depois, ao procurar razões para que aquilo pudesse ter acontecido, encontrei um estudo universitário (com 1500 utilizadores maioritariamente americanos) que me ofereceu as cinco mais frequentes:

- actualizações irrelevantes frequentes: ninguém está interessado em quantos ovos descobrimos na quinta do Farmville ou se estamos muito afectados por estar a chover.
- conteúdo político ou religioso: se usarmos a rede social para veicularmos as nossas convicções mais profundas, há uma grande probabilidade de virmos a chocar frontalmente com as convicções mais profundas de outrem. A regra de ouro é: se o tema pode azedar um jantar de amigos, também pode azedar o Facebook.
- escrever palavras vulgares ou de teor racista: obviamente. Para além do choque directo sobre nós mesmos, ninguém quer que os seus outros amigos pensem que também andamos com pessoas que só sabem escrever palavrões...
- maior experiência facebookiana: à medida que mais e mais pessoas se juntam à gigantesca rede social, também mais e mais pessoas participam menos (e de forma diferente) na mesma. Tomar consciência de que partilhamos tanta coisa com tanta gente faz-nos desejar limitar a lista de “amigos” aos... nossos amigos.
- e finalmente, a razão pela qual somos apagados da lista de “amigos” de alguém pode não ter absolutamente nada a ver com algo que se passou dentro do Facebook, mas sim na vida real. Sim, esta última ainda continua a existir...

As vantagens das redes sociais continuam a ultrapassar largamente as desvantagens. Certo, a privacidade é reduzida, é tudo algo alienante, existe sempre um certo grau de artificialidade, e há sempre o risco de um golpe inesperado como o de sermos “desamigados” por alguém. Mas o Facebook pode ser fonte de notícias, de divertimento, e de descobrimento e contacto com aqueles de quem gostámos e gostamos.

Agora só preciso de descobrir o que fiz de errado para que a minha ex-amiga me apagasse da sua parede.

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