É fácil elogiar o quão bem-sucedido Gates foi na sua vida profissional: a companhia que fundou, a Microsoft, tornou-se uma das maiores do mundo, a maior no seu ramo, e influenciou de uma forma ou outra a vida de toda a gente neste planeta. Essa é a parte objectiva; subjectivamente, diria que o seu percurso profissional não é nada de especial - este homem teve a felicidade de estar no lugar certo no momento certo, mas nunca fomentou a inovação radical ou inspirou o tipo de culto quase religioso que por exemplo os produtos do seu grande rival, Steve Jobs, fazem (a razão passará muito pela filosofia de “good enough”, suficiente, que imprimia aos seus produtos). Mas a partir do momento em que Bill Gates pediu a reforma executiva, este “geek” que assinava produtos sensaborões tornou-se num filantropo admirável.
Na quarta feira o detentor de uma fortuna avaliada em 59 mil milhões de dólares juntou-se a um coro de vozes, aqui já referidos neste espaço, que exigem que os ricos aumentem a sua contribuição para a sociedade em que estão inseridos e paguem mais impostos. “Neste momento, penso que pessoas como eu não pagam tanto quanto deviam”, começou o milionário, que no dia seguinte mostrou que está em grande momento de forma: depois daquela entrevista à BBC, voou até ao Fórum Económico Mundial na Suíça e anunciou a sua doação de 570 milhões de euros para financiar o descobrimento de uma cura para a sida, acompanhando a oferta com palavras a condizer: “estes são tempos de dificuldades económicas, mas isso não é desculpa para cortar na ajuda aos mais necessitados”.
O ponto alto do seu périplo europeu já tinha acontecido na terça feira. Bill Gates apareceu no hemiciclo do Parlamento Europeu para nos convencer a não desistirmos de ajudarmos os outros. A Europa, do alto dos seus 54 mil milhões de euros, é a maior contribuinte mundial para a ajuda ao desenvolvimento – e o Luxemburgo o maior de todos

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