Não se tratava de um jogo de futebol em Lisboa ou Londres. O desporto em causa é o golfe e a competição, jogada este fim de semana, é a sua mais extraordinária: a Ryder Cup. Organizada de dois em dois anos, a taça é especial por vários motivos – entre os quais o facto de, apesar de movimentar milhões em direitos televisivos e patrocínios, não conceder qualquer tipo de prémio aos jogadores. O mais incrível, no entanto, está mesmo naquelas cores envergadas pela equipa (que era este ano) visitante e pelos seus apoiantes: um azul-escuro polvilhado de estrelas douradas que quase faz lembrar... mas esperem... não pode ser... e no entanto... é mesmo! É a bandeira europeia, ouro sobre azul, aquela que é agitada freneticamente pela multidão – e mais extraordinário ainda, muitos daqueles que ostentam orgulhosamente as cores europeias são cidadãos britânicos, sempre tão prontos a considerarem-se fora do continente a que pertencem.

Poucos terão reparado no facto de que nos recentes Jogos Olímpicos uma Europa unificada a 27 teria contabilizado muitíssimas mais medalhas que os EUA, a China ou a Rússia, ocupando o primeiro lugar da tabela final e dominando na maior parte dos desportos. Um rápido exercício teórico permite desde logo perceber que uma Selecção Europeia seria a potência a bater em quase todos os desportos, desde o basquetebol ao atletismo (tirando as longas distâncias, feudo dos africanos), passando pelo voleibol ou a canoagem. Uma equipa europeia de futebol, então, seria imbatível e mesmo um desperdício por só poder conter 11: como escolher entre Casillas e Buffon? E quem jogaria com Ronaldo no ataque, Ibrahimovic ou Balotelli?
Somos, nós europeus, os melhores desportistas, mas não só: vivemos na maior economia do mundo (a Europa a 27), orgulhamo-nos de ter algumas das melhores cidades do planeta, e construímos as sociedades mais justas/menos injustas da História humana. Por vezes é fácil perder de vista o que atingimos no turbilhão de querer o tanto que falta atingir.
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