O general alemão Carl von Clausewitz foi um dos
maiores teorizadores da guerra e o estudo dos seus escritos é essencial em
quaisquer estudos de diplomacia ou política, bem como naturalmente na carreira
militar. Clausewitz reflectiu (e em muitos casos introduziu) variados conceitos
hoje essenciais na “arte” do conflito, como por exemplo o “nevoeiro” que cada
interveniente experimenta antes de pisar terreno inimigo e, assim, o conhecer.
Ou a relação assimétrica entre ataque e defesa (sendo que esta última é, em
princípio, a posição mais privilegiada sobre a qual guerrear).
Na cultura popular, Clausewitz é sobretudo
conhecido pelo seu aforismo: “a guerra não é mais que a continuação da política
por outros meios”. Ora, se a guerra é o prolongamento da política e o desporto
não é mais do que a sublimação da guerra (sobretudo quando os desportistas usam
simbologia nacionalista, como no Mundial de futebol), então o desporto é a
continuação da política por outros meios. É por isso que “Portugal” nunca devia
ter sido goleado pela “Alemanha”. E é também por isso que Angela Merkel estava
na tribuna para ver este jogo – e precisamente este jogo, não contra os EUA ou
o Gana, pois estes países não estão sob a influência política e económica
directa da Alemanha.
Política, económica, simbólica e
psicologicamente, teria sido importante ter ganho à Alemanha; não por acaso, a
maioria dos europeus neutros estavam em princípio a torcer por Portugal. É um
reconhecimento tácito da teoria do equilíbrio de poderes, da qual Clausewitz,
mais uma vez, foi um dos principais teorizadores. Esta pressupõe “o ponto
culminante da vitória” – a partir do qual os adversários, sentindo-se
ameaçados, unem-se e reagem.
Como reagir? A coragem e personalidade dos
políticos portugueses são nulas e nunca foi possível ouvir-lhes sequer uma
tímida oposição às vontades da chanceler alemã. Na economia, sem crédito e com
uma mão-de-obra que continua a esvaziar Portugal em busca de oportunidades, também
não é possível competir. E uma guerra, então, só mesmo no domínio da loucura.

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