O mundo acaba de tornar-se
um sítio pior de um dia para o outro. Aconteceu este fim de semana, num deserto
anónimo perto da cidade de Austin, no Texas (e sim, tinha mesmo que ser no
Texas). Para o homem foi um pequeno frémito, para a Humanidade é um grande
arrepio.

Uma impressora 3D
é uma máquina industrial que utiliza alguns tipos de polímeros (plásticos,
basicamente) para, camada a camada, “imprimir” objectos reais seguindo
instruções de um computador comum. A tecnologia, antes imperfeita e
proibitivamente cara, tem vindo a democratizar-se ao ponto de existirem já um
ou dois modelos que custam menos de 2000 euros – a impressora usada por Wilson,
do tamanho de um frigorífico, custa mais do dobro mas continua a ser acessível
a muitos indivíduos. E a vontade do libertário é mesmo essa: que qualquer
pessoa com um aparelho destes e uma ligação à net, em qualquer ponto do
planeta, possa obter uma cópia dos seus planos e fabricar uma arma que
“funcione”. Ou seja, que possa disparar uma bala e matar outrém.
Plástico não é o
material ideal para fabricar armas – nem as bisnagas de Carnaval funcionam
durante muito tempo devido às deformações. Mas apresenta vantagens: é leve,
barato, e não acusa num detector de metais. Está dado o primeiro passo para a
proliferação de armas mortíferas – contornando as leis e os controlos, um
terrorista, ou um doente mental, pode fabricar uma na sua garagem e levá-la
consigo no avião. É talvez a isto que o inventor da arma de garagem chama
“criar o seu próprio espaço soberano”. Os auto-elogios ao sucesso do primeiro
disparo de sempre, realizado no domingo, são assustadores no seu messianismo:
“É uma nova ordem que nasce da velha ordem em ruínas. Vão haver aqui grandes
mudanças”.
A mudança é a
única constante dos nossos tempos. Mas terá mesmo de ser sempre mudança para
pior?
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