Banksy é um artista, ou um activista, ou um grafiteiro, ou apenas uma esperta construção de marketing. Ou então todas estas coisas ao mesmo tempo, ou então nenhuma. Supostamente vem de Bristol, Inglaterra, ninguém conhece o seu aspecto ou verdadeiro nome, e pinta paredes; imagens irónicas, muitas vezes monocromáticas, envolvendo-se com aquilo que as rodeia e apelando à reflexão – e sempre que podem, à subversão. Como o grafito que mostra um macaco de laboratório, supostamente um animal que apenas cumpre o que lhe mandam, envergando um cartaz que diz “Keep it real” – a mesma frase que é quase marca geracional de milhões de adolescentes americanos.
Banksy não gosta
do mercado da arte nem dos seus lucros pré-fabricados, baseados em valorações
subjectivas. Também não gosta das suas regras, por isso subverte-as: no seu
sítio web há uma “loja”, mas tudo o
que lá está é grátis. O apreciador de arte pode descarregar a obra do artista e
reproduzi-la as vezes que quiser, numa parede, numa t-shirt ou numa caneca de
café. Banksy poderia ganhar rios de dinheiro, já que se tornou em fenómeno
global; por vezes paredes (inteiras) com os seus grafitos aparecem em leilão
sem a sua autorização – pelo menos é essa a história oficial – e pela última
obra nesta situação, por exemplo, o comprador pagou um milhão de euros. Em
contraste com esta soma, o próprio Banksy montou no sábado uma banquinha em
pleno Central Park e começou a vender, disfarçado com um boné e óculos, os seus
originais por uns irrisórios 45 euros cada um. Quase ninguém os quis e, ao final
do dia, o próprio artista só tinha arrecadado 300 euros.
Pois bem, como um provinciano alcalde da aldeia mais recôndita. “Banksy é um vândalo e o graffiti representa a perda de controlo. Eu defendo as artes, mas acho que há lugares para a arte e lugares sem arte”, disse Bloomberg, provando simultaneamente que Banksy pôs mesmo o dedo na ferida. Bloomberg ainda não entendeu nada. Todos os lugares são lugares para a vida, e a arte, que a imita, está na rua da grande cidade.
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