Tanto dinheiro
não foi suficiente para convenver o museu Kunsthal em Amesterdão a instalar
alarmes
na exposição temporária que organizava. Isso veio mesmo a calhar para
um grupo de amigos precisados de dinheiro: primeiro dirigiram-se, a meio da
madrugada, ao museu de História Natural da cidade – mas tiveram dúvidas sobre
se seria assim tão fácil, ou lucrativo, revender fósseis de peixes e esqueletos
de dinossauro. Seguiram então para o Kunsthal; os quatro ladrões demoraram
exactamente três minutos a tirar os quadros das paredes, embrulhá-los e sair. Depois
foi meter-se no carro com os quadros e guiar em direcção à Roménia. Estava consumado
aquele que foi imediatamente apelidado de
“roubo do século”.
O cérebro da
operação, Radu Dogaru, 29 anos, vem de uma pequena aldeia no extremo leste da
Roménia, perto da Moldova. São os confins da Europa: 3000 habitantes, a maioria
lipovanis (uma cisão da religião ortodoxa russa), e uma miséria da qual só é
possível escapar emigrando ou entrando numa vida de crime. Mas Radu, procurado
na Roménia por assassínio e tráfego de humanos, ainda está a começar no mundo
da arte: nem sabe ao certo quanto valem os quadros que tem nas mãos, e
sobretudo não os consegue revender por eles serem tão conhecidos. Acaba por
chamar a atenção da polícia. Esta prende quase toda a quadrilha (um membro
ainda está fugido) mas não encontra os quadros. Estes estão escondidos na casa
de Olga, a mãe de Radu. Olga julga que sem o produto do crime, não há caso
contra o seu querido filhinho; empilha o Picasso sobre o Monet, o Matisse do
lado a aparar, o Gauguin a fazer peso, atira todos os quadros para dentro do
forno onde habitualmente só assa galinhas, e acende os carvões.
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