Amanhã (quinta-feira) é um dia histórico, o dia em que a
Europa pode ganhar um novo país (seria o seu 51.º, se não contarmos com alguns
territórios controversos). Os mais de 4 milhões de eleitores a viver na Escócia
(não apenas escoceses, mas também todos os cidadãos da UE) vão às urnas para
responder da forma mais simples possível, sim ou não. A pergunta é que é
devastadora: deve a Escócia abandonar o Reino Unido e tornar-se independente?
Breve contexto histórico: a Escócia sempre foi uma “nação”
independente, com os próprios romanos a demarcarem a sua fronteira construindo
a muralha do imperador Adriano. Após séculos a repelir várias invasões dos seus
ávidos vizinhos ingleses – a mais famosa das quais romanceada pelo filme
“Braveheart” –, a Escócia empobreceu graças a um mirabolante esquema de
investimentos no Panamá. O medo do futuro empurrou a nobreza para um casamento
de conveniência com Londres em 1707 – nascia o Reino Unido, que diluía a
bandeira azul da cruz de Santo André atrás de outras mais vermelhas e brancas.
A pulsão independentista é recente no país e, ao
contrário do que seria de esperar, as mortíferas batalhas medievais nem foram
argumento de campanha. Também poucas vezes foi referida a grande responsável
pelo afastamento entre os dois países, a primeira-ministra Thatcher, cujos anos
de governo nos anos 80 significaram uma centralização crescente em Londres e o
desprezo votado às cidades do Norte, então em forte decadência. Pelo contrário,
a campanha do “Sim à Escócia” foi feita pela positiva, fazendo muitos eleitores
acreditarem que a Escócia independente será um lugar melhor do que actualmente,
com a Escandinávia como modelo – e na verdade, se as receitas do petróleo do
mar do Norte fossem atribuídas aos cidadãos escoceses em vez de canalizadas
para Londres, a Escócia até teria um PIB per
capita superior ao de Inglaterra.

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