terça-feira, 13 de maio de 2014

Algo giro, para variar

Os jornais, a televisão, a rádio, os media em geral têm cada vez menos clientes para a sua informação e isso acontece em grande parte porque já poucos têm paciência para serem massacrados periodicamente com más notícias. Não tenho nenhum estudo que corrobore esta afirmação – trata-se apenas de uma opinião baseada em constatações. Mas o nosso instinto de autoprotecção sobrepõe-se muitas vezes à vontade de saber o que se passa no mundo, porque tantas notícias duras podem não matar, mas moem... 

O curioso é que por outro lado parecemos apegados a isto – é possível que seja da natureza humana estimar o pessimismo sobre a evolução do mundo. Alguns jornalistas bem-intencionados procuraram furar este círculo e criar sítios internet só com “boas notícias que inspirem e alegrem”. Existem pelo menos cinco do género, mas após as intenções iniciais, todos acabam por cair num círculo infindável de textos sobre cães fiéis, actos aleatórios de caridade e novas drogas milagrosas; temas meritórios certamente, mas que acabam por constituir um exercício um tanto fútil que se esvazia em muito pouco tempo. É pena, mas simplesmente não é possível escrever todos os dias que a fome e o desemprego acabaram, ou que já não estamos a destruir o nosso planeta.

Ainda assim há sempre notícias que nos deixam de sorriso nos lábios. Na semana passada mais uma: o Porto foi eleito como “Melhor destino europeu em 2014”. Para tanto, bateu metrópoles europeias de maior dimensão, mais ricas, mais influentes – Berlim, Roma, Madrid, Milão, Viena... – e outros destinos mais exóticos e mais habituados a inclinar-se perante as necessidades do turismo. O orgulho é exponenciado por sabermos que o Porto já tinha ganho da última vez que concorreu, em 2012 (o vencedor não pode concorrer no ano seguinte); também Lisboa tinha sido a vencedora logo na primeira edição deste troféu, em 2010, e a Madeira ficou em 6.º lugar este ano.


Claro que, sendo o melhor destino eleito por voto electrónico e estando a eleição completamente aberta a todos, o vencedor será não necessariamente “o melhor” mas sim aquele que será “mais popular” e mais capaz de mobilizar os seus apoiantes. Mas são essas também, afinal, as regras do jogo democrático – e 230 mil votantes tornam este prémio em algo relevante: é assim que se constroem boas marcas, uma absoluta necessidade numa cidade – e num país – cujos produtos não se vendem bem internacionalmente por sofrerem de um problema de imagem (há excepções, mas é essa a regra).

Como cereja no topo do bolo, o Porto é o melhor destino de 2014 pelas razões certas. Como disse o presidente da European Best Destinations, e nunca é demais repeti-lo, “o Porto é muito mais que a comida, a história, as paisagens, o mar e o maravilhoso Douro; é um destino vibrante. Provavelmente, porque nunca perdeu, e mantém, a sua identidade, a sua alma; pela sua energia e entusiasmo". Sim, de vez em quando há notícias que fazem sorrir. Agora só há que usufruir daquele destino vibrante.

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