Os jornais, a
televisão, a rádio, os media em geral têm cada vez menos clientes para a sua
informação e isso acontece em grande parte porque já poucos têm paciência para
serem massacrados periodicamente com más notícias. Não tenho nenhum estudo que
corrobore esta afirmação – trata-se apenas de uma opinião baseada em
constatações. Mas o nosso instinto de autoprotecção sobrepõe-se muitas vezes à
vontade de saber o que se passa no mundo, porque tantas notícias duras podem
não matar, mas moem...
O curioso é que
por outro lado parecemos apegados a isto – é possível que seja da natureza
humana estimar o pessimismo sobre a evolução do mundo. Alguns jornalistas
bem-intencionados procuraram furar este círculo e criar sítios internet só com
“boas notícias que inspirem e alegrem”. Existem pelo menos cinco do género, mas
após as intenções iniciais, todos acabam por cair num círculo infindável de
textos sobre cães fiéis, actos aleatórios de caridade e novas drogas
milagrosas; temas meritórios certamente, mas que acabam por constituir um
exercício um tanto fútil que se esvazia em muito pouco tempo. É pena, mas
simplesmente não é possível escrever todos os dias que a fome e o desemprego
acabaram, ou que já não estamos a destruir o nosso planeta.
Ainda assim há
sempre notícias que nos deixam de sorriso nos lábios. Na semana passada mais
uma: o Porto foi eleito como “Melhor destino europeu em 2014”. Para tanto,
bateu metrópoles europeias de maior dimensão, mais ricas, mais influentes – Berlim,
Roma, Madrid, Milão, Viena... – e outros destinos mais exóticos e mais
habituados a inclinar-se perante as necessidades do turismo. O orgulho é
exponenciado por sabermos que o Porto já tinha ganho da última vez que
concorreu, em 2012 (o vencedor não pode concorrer no ano seguinte); também
Lisboa tinha sido a vencedora logo na primeira edição deste troféu, em 2010, e
a Madeira ficou em 6.º lugar este ano.
Claro que, sendo
o melhor destino eleito por voto electrónico e estando a eleição completamente
aberta a todos, o vencedor será não necessariamente “o melhor” mas sim aquele
que será “mais popular” e mais capaz de mobilizar os seus apoiantes. Mas são
essas também, afinal, as regras do jogo democrático – e 230 mil votantes tornam
este prémio em algo relevante: é
assim que se constroem boas marcas, uma absoluta necessidade numa cidade – e
num país – cujos produtos não se vendem bem internacionalmente por sofrerem de
um problema de imagem (há excepções, mas é essa a regra).
Como cereja no
topo do bolo, o Porto é o melhor destino de 2014 pelas razões certas. Como
disse o presidente da European Best Destinations, e nunca é demais repeti-lo, “o Porto é muito mais que a comida, a
história, as paisagens, o mar e o maravilhoso Douro; é um destino vibrante. Provavelmente,
porque nunca perdeu, e mantém, a sua identidade, a sua alma; pela sua energia e
entusiasmo". Sim, de vez em quando há notícias que fazem sorrir. Agora só
há que usufruir daquele destino vibrante.
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