George W. Bush tinha
razão. Dick Cheney, o sinistro líder na sombra, também tinha razão. Os neocons
americanos tinham razão. Uma semana após o 11 de Setembro de 2001, o então
presidente americano proferiu perante o Congresso o "seu" (escrito
por Michael Gerson) mais memorável discurso de sempre. Foi a primeira vez que o
mundo em geral ouviu falar na Al-Qaeda, nele se utilizou pela primeira vez a
frase "war on terror", e o texto incluiu passagens quase proféticas:
"Esta guerra
não será como as anteriores. A nossa resposta será muito mais do que retaliação
instantânea e ataques isolados. Não deveremos esperar uma batalha, mas sim uma
longa campanha, diferente de tudo o que vimos até agora, baseada sobretudo em
operações secretas até mesmo depois de concluídas." E Bush poderia ter
acrescentado (mas seria demasiada sinceridade num discurso que almejava ser
épico): e vamos sofrer derrotas amargas, tal como agora em Paris, e tal como no
início da II Guerra as democracias sofreram tantas derrotas amargas contra o
nazismo (por exemplo quando Hitler conquistou Paris…).
Essa equiparação do
nazismo ao islamismo radical já era feita no mesmo discurso de 2001.
"Sacrificando a vida humana ao serviço das suas visões radicais,
abandonando todo o qualquer valor para além da sede de poder, os terroristas
seguem o caminho do fascismo, do nazismo e do totalitarianismo. E seguirão esse
caminho até ao fim, onde ele acaba, na vala comum da História reservada aos
embustes desmascarados." De facto há imensos paralelismos entre os tempos
que vivemos e os anos 1930; o nazismo germinou por entre o fanatismo de uma
população humilhada, pobre e que acreditava estar a ser injustiçada. O ovo pôde
dar origem à serpente por Hitler não ter sido levado suficientemente a sério,
primeiro, e por uma absolutamente errada estratégia de apaziguamento, depois,
que assumia que era possível negociar com a loucura e a barbárie. Nunca é.

Basta. Respeito
pelas vítimas e pela nossa inteligência. Há momentos decisivos em que até as
mentes confusas, repletas de dogmas, se devem definir. Entre a Liberdade e a
escravidão, escolher a primeira. Entre a Igualdade e o sectarismo, escolher a
primeira. Entre a Fraternidade e o ódio, escolher a primeira. Entre a França e
o IS, escolher a primeira. Entre o humanismo e a bestialidade, escolher o
primeiro. Entre a civilização ocidental e a barbárie medieval, escolher a
primeira. Por vezes o mundo é a preto e branco. É muito confortável lançar um
“o que todos querem é uma guerra e não lhes vamos dar esse gostinho”, mas isso
não passa de uma variação da atitude da avestruz: quer queiramos quer não, HÁ
uma guerra em curso que representa o desafio de toda uma geração – da forma
mais inteligente possível, é certo, mas temos mesmo de a travar. Ou o futuro
apenas nos reservará mais sangue, suor e lágrimas.
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